domingo, 2 de outubro de 2011

Jogo de poder

Querer é poder
é um papo meio poliana,
conversa pra boi dormir.
Poder mesmo é fazer
o que se quer
e, sejamos, francos, nem sempre dá.
Se desse, eu seria um deus.
Mas sou só
esse monte de eus
que querem incompatibilidades,
diferenças irreconciliáveis
como alegam nos divórcios
as celebridades dos tablóides.
Poder mesmo é escrever
poesia
e é isso que quero e faço
só pra esfregar na cara do tempo
que eu sou o seu senhor
e posso até mesmo desperdiçá-lo
fazendo coisa tão inútil.
Poder mesmo é prazer.

Bastardos

Todos os meus livros
anteriores
são renegados,
filhos bastardos
da rainha de cópulas
com o cavaleio ás de espadas
ou com o irônico bobo
da corte do rei corno
manso que trepa com a mucama
como se vinte anos
ainda tivesse.

De Coração

Meu coração já teria decidido
se ele decidisse.
O que ele me disse
com toda sinceridade
foi que coração não pensa,
coração age.
Coração exige
e isso não muda com a idade.
Coração faz o que quer,
é ele, só ele, quem escolhe
e a revelia de todos os sensos,
razões e previsões,
me disse que é você, só você.