em que mortes, nascimentos,
separações, casamentos,
brigas, trepadas
seguem acontecendo como se
outro mundo não houvesse.
Ilumina a varanda
e por um instante
eu me sinto em um quadro de Edward Hopper.
A mesma solidão, o mesmo vazio.
o que existe mesmo é a vontade
de ser outro e estar com você.
Eu só tenho esta vida e falhei
na poética missão
de transformar o meu lixo em arte.
Ainda estão aqui ao meu lado
o copo de Cinzano que meu pai esvaziou
e sonhos batidos como cinzas
do cigarro no canto da minha boca.