Não basta.
É preciso ir contra e além:
fazer os canivetes da chuva
furarem os olhos do sol.
Saquear as torres de marfim,
tornar o sagrado souvenir
e colecionar risadas.
É preciso ser da tempestade,
braços abertos desprotegendo
o rosto, o corpo, o beijo.
Faça!
Mate o conforto!
E fuja irresponsável e inconseqüente
pelos sigilos da noite.
Fuja da burocracia, da rotina, da rima.
Erre a mão na receita da felicidade
e desande o bolo.
Adicione ódio ao bem querer,
inverta a direção do olhar,
ignore qualquer conselho, inclusive este.
Não sirva de exemplo, de modelo ou padrão.
Desrespeite a regra e insulte seu autor.
Não poupe, não se preserve.
Descarrile seu próprio trem,
é impreciso perseguir a eterna distância
até a linha do horizonte.
E lembre-se:
só quem se despede,
permanece.
Este poema está publicado na antologia Ponte de Versos - 8 anos, Editora Ibis Libris.
Os outros dois poemas meus que integram a antologia já foram postados neste blog:
"O final" (11/09/2008) e "Camada" (15/09/2008).
Um comentário:
Cara, você é muito bom mas, também, muito doido!! Nunca vi ninguém que joga toneladas de livros (de sua própria autoria, em pacotes fechados) fora. Teria sido uma estratégia de marketing? Acho que não, porque até documentos seus super-particulares (pasta de imposto de renda) estavam na via pública para qualquer um pegar e olhar. se vc não entendeu nada, faça comunicação: paufer@zipmail.com.br
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