Se vai tudo mesmo se acabar
amanhã
sejamos ao menos um pouco
dignamente loucos
hoje.
Se terminaremos mesmo distantes
em estradas que se perdem
façamos deste instante
algo que valha a pena
e nos lembremos de tudo
com um vago e gostoso sorriso futuro.
Vamos fazer com que esta noite
se lembre de nós a cada lua
sem nada dizer ao dia.
É uma chance que passa
de brilharmos fugazes
como estrelas cadentes e fogos de artifício.
Se vamos mesmo voltar a ser poeira,
por que não abrir os braços
e atirar-nos à vida?
Que o vento bata no rosto,
os tambores rufem com força
e o fogo se acenda
em todas as tochas.
Se amanhã serão as cinzas,
que não haja sinal
de arrependimento pelo que fizemos.
Que não fique na boca a secura das ressacas
nem a amargura dos dias não vividos.
Se amanhã o sol
nos levar a caminhos separados
que levemos no peito um ao outro.
Eu vou te respeitar para sempre
por termos juntos sido
dignamente loucos.
E se acharmos que esta noite foi pouco,
ah, isso já é uma outra história.
Sobe ou desce?
Há 10 anos
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