sábado, 14 de fevereiro de 2009

Tochas

Se vai tudo mesmo se acabar
amanhã
sejamos ao menos um pouco
dignamente loucos
hoje.
Se terminaremos mesmo distantes
em estradas que se perdem
façamos deste instante
algo que valha a pena
e nos lembremos de tudo
com um vago e gostoso sorriso futuro.
Vamos fazer com que esta noite
se lembre de nós a cada lua
sem nada dizer ao dia.
É uma chance que passa
de brilharmos fugazes
como estrelas cadentes e fogos de artifício.
Se vamos mesmo voltar a ser poeira,
por que não abrir os braços
e atirar-nos à vida?
Que o vento bata no rosto,
os tambores rufem com força
e o fogo se acenda
em todas as tochas.
Se amanhã serão as cinzas,
que não haja sinal
de arrependimento pelo que fizemos.
Que não fique na boca a secura das ressacas
nem a amargura dos dias não vividos.
Se amanhã o sol
nos levar a caminhos separados
que levemos no peito um ao outro.
Eu vou te respeitar para sempre
por termos juntos sido
dignamente loucos.
E se acharmos que esta noite foi pouco,
ah, isso já é uma outra história.

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