terça-feira, 29 de junho de 2010

Da redação

tenho escrito não poemas
e tenho vivido poemas não escritos.

sábado, 12 de junho de 2010

Certeza

Da uva passa dos dias
eu faria vinho
para embriagar tua vida
E clarabóias permissivas
rompendo os breus
e os enigmas castanhos
dos teus olhos.
Desbravaria teus paraísos
igualmente
erguendo moradas provisórias
como a felicidade é sempre.
Inverteria a rotação da terra
para manter a pino o sol –
enquanto houver sol,
eu serei teu.
E eu inventaria outro idioma
no qual compreenderia os silêncios
e eternizaria teu nome
rimado com beleza.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Paredes

Arranhei as unhas
nas paredes de vento
dos teus versos
e quis gritar.
Eu não grito nunca.
Nem rasgo, nem agito,
nem me atiro.
Eu visto camisa de força
até para dormir
e sou pássaro preso
em caixa preta.
Balanço as mãos nervosas como asas
mas nem nada.
Entra luz pela janela,
eu acendo velas perfumadas,
eu também invento belas
e eu ainda iço velas
nas paredes de vento
do meu reverso.

domingo, 6 de junho de 2010

Nada original

Não sou nada original.
Sou liquidificador vital
para amélias modernas.
Antenas.
É com isto apenas
que escrevo poemas.
Mais honesto dizer que roubo.
Às centenas, milmilhareslhões
de palavras, entonações,
vírgulas, versos, emoções.
Cantilenas.
Cacos de melodia enterrados na memória.
É da ausência –
mais que da história –
que se compõe a poesia.