segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Ameno

Amor
sem sombra,
sem filtro,
sem óculos protetores.

Sol que queima,
arde,
cega
e fere.

Hora do sol
baixar,
se pôr,
se recolher.

Receba
minha lua,
igualmente tua,
acolha o sereno

sobre teu corpo moreno.
ouve o que calo.
Entende que te guardo
para uma nova manhã

branda, suave,
fresca como a primavera.
Quando as flores findam
tão longa espera.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Engenharias

Geometrias frias
expostas no seu olhar
paredes de concreto geladas
erguem-se entre nós
mecânicas engrenagens que movem seus carinhos.
Só. Sem calor algum
Frio. cimento frio.
Química da morte,
negra e cinza,
estruturas vazias
fomos nós dois.
Circuitos em curto.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

rejunte

tinha quem achasse graça
daquele casal que havia encontrado
harmonia numa multiplicação muito peculiar
das próprias desarmonias.
definitivamente, não foram feitos um para o outro.
transformaram isso no motivo para viver infelizes lado a lado,
a vida inteira.


tinha quem não visse graça
naquele drama do casal desencontrado.
- “conseguiria viver assim?” ela me disse.
- sem chance, respondi de pronto.
mal consigo viver feliz ao lado de alguém
mal consigo viver feliz ao meu lado
mal consigo viver feliz
mal consigo viver.
sem chance.





com versos roubados de texto homônimo, de Paulo Paniago, in http://desaforos.wordpress.com/2010/09/05/rejunte/#comments

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Amanhã eu volto

Deixo o quarto, a casa,
a varanda
e me coloco onde gosto.
Toda noite me boto
junto ao fogo
e a cada vez aproximo
mais o corpo,
perto o bastante para ver
a chama no fundo do seu olho.



Ficamos assim toda a noite,
cara a cara, frente a frente,
olho no olho.
Você está do outro lado do fogo.
Então eu refaço o caminho
até o quarto
e me deito onde posso,
onde há mais conforto que calor,
e também é lugar que gosto.

domingo, 5 de setembro de 2010

Fase II - Paixão

Eu já contei estrelas,
ovelhas,
grãos de areia
na ampulheta.
Já deitei na grama
só pra namorar a lua
e esperar a noite da tua vinda.
Dormi na rede
pra me embalar com tua ausência
sempre tão presente.
Procurei palavras
no quebra-cabeças do silêncio
e vasculhei palheiros
em busca de agulhas
precisas pra te tocar.
O que eu preciso
é da exata imprecisão
do teu sorriso,
do teu olhar cheio d'água
me dizendo do teu amor maior
que ocultas e do gozo que ostentas
acintoso
em minhas mãos.
E deste torpor
de vulcão adormecido
querendo varrer pompéias
de solidão.



http://leandrowirz.blogspot.com/2009/03/parte-i-atracao.html