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sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Suspensão

Apaga a luz, abaixa o som,
eu quero mandar o mundo morrer,
que de vez em quando é bom.
Deixar correr
o rio, a lágrima, o sangue, o gozo.
Eu quero ficar parado no vento -
helicóptero, beija-flor -
contemplar meio distraído
o vôo e o pouso, solitário e livre.

Pendura a alma no cabide,
o corpo deixa no sofá.
Hoje eu não quero ser tigre
na selva de concreto,
eu não quero ver de perto,
nem provar que estou certo.
Quero ficar suspenso
no hiato atemporal do êxtase
e esquecer que carrego
mil momos nos ombros.

sábado, 11 de julho de 2009

O dia perfeito

Você me aprisiona no eterno presente
de anúncio ou calendário estático.
O mesmo dia perfeito
se repete indefinidamente
e repele o futuro que nos pertenceria.
Vivemos da memória do hoje,
da hipótese da manhã que não chega.
Giramos num círculo de dois, giramos,
ciranda que não se move,
carrossel de vontades renovadas e irrealizadas.
Nuvem negra que o vento não sopra,
e nem deságua forte sobre nós.
Não brotam flores.
Você me mantém vivo em suspensão
na exaustiva repetição do prazer no mesmo dia perfeito,
e da mesma dor provocada pelo futuro rarefeito.




trilha sonora sugerida: "Perfect day", de Lou Reed.