sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Suspensão

Apaga a luz, abaixa o som,
eu quero mandar o mundo morrer,
que de vez em quando é bom.
Deixar correr
o rio, a lágrima, o sangue, o gozo.
Eu quero ficar parado no vento -
helicóptero, beija-flor -
contemplar meio distraído
o vôo e o pouso, solitário e livre.

Pendura a alma no cabide,
o corpo deixa no sofá.
Hoje eu não quero ser tigre
na selva de concreto,
eu não quero ver de perto,
nem provar que estou certo.
Quero ficar suspenso
no hiato atemporal do êxtase
e esquecer que carrego
mil momos nos ombros.

3 comentários:

Jones Schneider disse...

Meu poeta, feliz 2010 de pulsões criativas na cabeça; Vc viu que saiu um poema seu estes dias no Correio? Peguei aqui (rs)

Leandro Wirz disse...

Meu querido dramaturgo, sirva-se desses poemas quando quiser. Que boa notícia de ano novo! Mas não vi no Correio, não. Qual foi? Quando foi?
Obrigado!

Ana Aitak disse...

Se depender de mim serão espalhados muitos outros poemas seus, não foi a toa que li o seu blog do fim ao começo pra escolher as que mais me agradam...obrigada você por nos presentear com um espaço tão lindo e acessível...

abração