Eu anuncio o começo,
lhe abro o caminho
estendo o tapete
mas ela antevê o tropeço.
E entre as dúzias de rosas
ela enxerga só o espinho
e ouve o falsete, o mínimo
desafino da canção.
Ela se prende ao deslize,
se agarra ao fio da esperança
da contradição.
Negar a vontade é negar-se,
É querer ser o que hoje não.
Melhor não.
Onde pulsa desejo, ela projeta culpa.
Eu rejeito a renúncia
cada defeito é tão meu como
cada virtude
Eu sou assim, sou a sina,
a verdade pura do corpo é luxúria
- delito, febre, loucura -
mas ela não quer perder a razão.
Melhor não.