Poetas são carcereiros
com gordos molhos de chaves
atados à cintura.
Trancafiam em celas escuras
vulcões que cuspiriam palavras ferventes.
Mas elas saem em desfile calculado,
vestindo máscaras de ferro,
pesadas na balança de precisão,
eleitas pela acurácia dos ourives
na aferição dos quilates
ou pelos ouvidos treinados dos afinadores de piano.
Nada dos trinados anárquicos
dos pássaros pela manhã
ou dos vidros trincados pelas pedras da solidão.
Nestas masmorras sujas
de nobres e vis desejos,
quase tudo dói.
Mas os poetas em atávico desamparo
fingem blasés que apenas espremem espinhas
e tiram cravos do coração.
Onde estão meus rios de lava?
Sobe ou desce?
Há 10 anos
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