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segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

A minha verdade

Estamos todos soltos no labirinto do Minotauro.
Soltos não.
Despejados aqui para a cruel diversão de deus ou do destino,
ratos em seu laboratório.
A cada paixão, tenho a miragem de uma janela,
ilusão de esperança e liberdade.
É apenas a hora de sol,
o passeio no pátio do cárcere.
Devo me amarrar à árvore no deserto
e, em silêncio, jejuar por luas,
até que brote a nascente da rocha.
A minha verdade.
Eu não sei fazer silêncio.
Calar o pensamento e soltar a voz
da intuição.
Eu venho tentando sentir o gozo
e a dor no corpo.
Mas é preciso navalhar abaixo da pele.
É preciso o rasgo.
A liberdade.
O que seja sentimento sempre renovado
e não o vício da emoção
repetida em doses mais fortes
em intervalos mais curtos.
Tudo que eu dei até hoje foi a minha vida.
Em vão.
Eu não vivi.
E jamais amei.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Agora que a verdade vem

Chega a doer
este poema no corpo.
Um soco
que desnorteia
e me põe sentado
à beira da cama.
Encontrar meu rosto
no espelho dos teus versos
tira meu ar,
arranca meu chão.
O clarão da luz tão forte
por um instante cega.
Mas tudo bem.
Agora que a verdade vem
eu sei para onde eu vou.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

A verdade

Estou em paz.
Conformado em nunca ter paz.
Assumo meus vícios -
que alívio!
Aceito, alforriado, o que sou,
não desfilo mais com mantos de virtudes.
Minha consciência dorme tranquila
ao lado da culpa. São amantes
em um relacionamento saudável.
Dispenso igrejas que vendam conforto,
estou acostumado à estrada errada,
não existem duas opções.
Ao menos, não mais.
Sou mesmo filho de Caim,
impuro e lindo.
Livre no espelho.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Oceano castanho



O meu lar, reencontrei na cidade que beija o mar.
Minha casa, nesse mar que banha de felicidade.
Minha lua se faz corpo sobre suas marés.
No oceano castanho do seu olhar,
flutua meu olhar da mesma cor.
Onde navega, verdade nua, o meu amor.