Use o gerúndio para me abandonar.
Não suportaria único e súbito golpe.
Faça cortes lentos e mornos
e avance em passos estudados
como se me seduzisse
ao avesso.
Acenda minha solidão à luz de velas.
Encha minhas taças não mais até a boca.
Elas ainda estarão meio cheias
e eu vou sorrir ilusões perdidas.
Deixe a distância pegar intimidade
até deitar-se em nosso sofá
e fumar em nossa cama.
Eu vou me acostumar a sentir
que seu corpo não é mais meu.
Por mais que eu mova mundos,
teus olhos não me querem mais.
Faça ser outono.
Eu preciso de tempo para entender
que suas razões estão acima da razão,
do bem e do mal.
Seja o que sempre foi até o fim:
feche a porta suavemente ao sair.
Um dia, vou abrir as cortinas da sala,
deixar o sol entrar como se marcasse o reinício.
E direi: eu estou bem, eu vou indo.
Sobe ou desce?
Há 10 anos
5 comentários:
Eu a-d-o-r-o esse poema! É lindo de doer.
Ahhhhh!!!
Dói por ser lindo...
Muito bonito o poema. Me identifiquei com ele...
Parabens xD
Eu também achei l-indo. :)
Ai, podre meu trocadilho.
Beijo.
Postar um comentário