segunda-feira, 8 de junho de 2009

Indo

Use o gerúndio para me abandonar.
Não suportaria único e súbito golpe.
Faça cortes lentos e mornos
e avance em passos estudados
como se me seduzisse
ao avesso.

Acenda minha solidão à luz de velas.
Encha minhas taças não mais até a boca.
Elas ainda estarão meio cheias
e eu vou sorrir ilusões perdidas.
Deixe a distância pegar intimidade
até deitar-se em nosso sofá
e fumar em nossa cama.

Eu vou me acostumar a sentir
que seu corpo não é mais meu.
Por mais que eu mova mundos,
teus olhos não me querem mais.
Faça ser outono.
Eu preciso de tempo para entender
que suas razões estão acima da razão,
do bem e do mal.

Seja o que sempre foi até o fim:
feche a porta suavemente ao sair.
Um dia, vou abrir as cortinas da sala,
deixar o sol entrar como se marcasse o reinício.
E direi: eu estou bem, eu vou indo.

5 comentários:

Ciça Calvoso disse...

Eu a-d-o-r-o esse poema! É lindo de doer.

G disse...

Ahhhhh!!!

Dorian.G disse...

Dói por ser lindo...

Kholdan disse...

Muito bonito o poema. Me identifiquei com ele...
Parabens xD

Carol Nogueira disse...

Eu também achei l-indo. :)
Ai, podre meu trocadilho.
Beijo.