quinta-feira, 11 de setembro de 2008

O final

arte de Aline França sobre poema de Leandro Wirz



Rasgaremos nossas fotos
e cada um ficará com a metade
em que aparece.
Mas o que fazer com as imagens
gravadas nas retinas?
Não adianta nem furar os olhos.
Não ouviremos aplausos
quando cerrarmos as cortinas.
Talvez um silêncio agudo:
som de quem não tem chão.
Os discos a gente copia,
os livros a gente doa ou queima.
Mas o que fazer dos dias?
Amontoado de horas jocosas
rindo de passados não terminados.
O ócio é o pai do bem, não do mal.
Eu não gosto de luz natural
que invade a poeira da minha sala.
Eu tenho medo de janelas abertas.
Final é sempre algo feliz.
Eu vou ser!

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