domingo, 7 de setembro de 2008

Versos sobre


São versos sobre trocas de pele,
sobre trocas de alma,
versos de pânico, primeiro,
e depois da calma
de quem perde o medo
do lado escuro da vida
e é inteiro e sem segredos
como cabeça sem cabelo
ou beijo de língua de olhos fechados.

Eu fiz amizade com a tristeza,
os amores que perdi -
e sobretudo os que tive -
me ensinaram a não sonhar.
A intimidade
me permite chamar a melancolia
de mel
e a felicidade
de fel.

Meu rosto pálido
é invariavelmente sereno
diante de qualquer absurda calamidade
e meu coração, mesmo pequeno,
é tão forte que não chora
por alegria ou saudade.
E meus versos são, enfim,
sobre descobertas, nasceres, encontros
e as vezes todas que me despedi de mim.

Um comentário:

Deborah disse...

Este é, sem dúvida, o poema seu que mais gosto e me identifico! Vc conseguiu expressar em palavras, fantasticamente, coisas que sempre pensei, mas não sabia como dizer...